Uma boa acção está sempre ligada a uma boa clementina. O que é uma clementina? Além de um fruto e de um Nome próprio, o termo é usado para caraterizar aquelas pessoas (desconhecidas ou não) que inocente e ingenuamente, através dumas palavras ou duma acção, nos mudam a vida completamente. São aquele "click" que faltava. Por vezes a nossa clementina é um bom livro, um bom filme, um arrumador de carros, um amigo, alguém ou qualquer objecto vivo como um livro. Lembro-me dum "Siddartha", duma rapariga que uma vez me chulou 1 euro para poder cantar. Com uma conversa motivadora e com um bom poder de retórica (até podia ser mentira, mas quero que seja verdade) lá me cativou, lá me fez querer lutar por mim e por ela, por alguma razão. Esse euro era todo o dinheiro que tinha e estava ansioso por uma coca-cola.

Um dia o meu avô disse ao meu pai (os tempos eram outros e eles eram muito pobres) : "estuda e faz-te homem, meu filho!". Ora, o meu pai diz-me o mesmo invocando o seu pai, logo eu sei que essa frase é a sua clementina. Tenho muitas mais clementinas, aquelas que nos fazem fazer bem aos outros e a nós próprios, a mudar de vida positivamente. Vou-me recordando. E vocês? Quais e quem são as vossas clementinas?

Pois é, também eu vos posso importunar, como a droga, como o ópio. Como a mulher fatal e como o malditismo. Mas o malditismo não me importuna. Julgo mesmo que só por aí entrarei em contacto com quem se esconde em mim. É um Eu maldito. Quero sentir tudo, e tal não é possível com uma visão maniqueísta da vida. Quero ser humilde, humanitário e quero-me fazer mal, pois só assim viverei prazenteiro. Quero, para já, que vocês encontrem uma outra solução para a vida. Nem estou certo desta forma com que a encaro, mas sei que alguns caminhos não percorro. Recuso-me a viver sempre na realidade. Obrigado, até breve.